Os pais das crianças que completam 6 anos entre 16 de setembro e 31 de Dezembro têm a importante decisão de autorizar a entrada no 1.º ano ou optar pela permanência de mais um ano no ensino pré-escolar.
Em primeiro lugar, a entrada destes alunos no 1.º ano de escolaridade depende do número de vagas resultantes entre o número de alunos em escolaridade obrigatória (isto é, que completem 6 anos até 15 de Setembro) e o limite máximo por turma que é, atualmente, de 26 alunos. Caso na escola pretendida não existam vagas suficientes, há pais que optam por escolher outras escolas onde essas vagas estejam disponíveis.
Mas surge a questão: o meu filho deve ir para o 1.º ano?
Muitas vezes chegam à consulta alunos do 1.º ano (com matrícula condicional), com queixas diversas como: dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita, problemas de comportamento, falta de autonomia na realização das tarefas, problemas emocionais com somatização (por exemplo, enurese noturna secundária, falta de apetite…). Na avaliação realizada, verifico que apresentam lacunas em algumas áreas fundamentais para o sucesso escolar como défices na consciência fonológica, baixo funcionamento em áreas como o planeamento, flexibilidade cognitiva, controlo inibitório, memória auditiva e/ou défices nas competências socioemocionais (exemplo, baixa resistência à frustração, baixo controlo volitivo, imaturidade socioemocional, baixo envolvimento). Constato, com facilidade, que a criança usufruiria de ter ficado mais um ano no pré-escolar a maturar estas áreas em défice, para que no ano seguinte a aprendizagem de conteúdos, que é feita num ambiente formal com timings e níveis de exigência específicos, fosse realizada de forma mais harmoniosa e descontraída. A avaliação da maturidade escolar antes da tomada de decisão poderia, assim, ter antecipado este cenário e ajudado os pais a tomar uma decisão mais informada.
Qual a importância da avaliação da maturidade escolar aos 5 anos?
Sempre que uma criança se apresenta em situação condicional deve ser sujeita a uma avaliação psicopedagógica especializada. Esta avaliação incide sobre a análise de alguns dos principais indicadores que permitirão aferir a performance da criança nessas áreas. No final da avaliação, a decisão sobre ida para o 1.º ano ou a permanência por mais um ano no ensino pré-escolar será mais informada.
Quando é que uma criança deve avançar para o 1.º ano, embora com matrícula condicional?
- Se a Educadora considera que a criança atingiu, com facilidade, os parâmetros esperados para o último ano do pré-escolar;
- Se possui bons níveis de consciência fonológica, ausência de problemas na linguagem expressiva e compreensiva, vocabulário diversificado;
- Se apresenta capacidade de planear, não sendo, assim, impulsiva; consegue controlar estímulos distratores, consegue focar-se numa tarefa do início ao fim da realização da mesma;
- Manifesta capacidade de memorização de músicas, lenga-lengas, recados, entre outros;
- Tem resistência à frustração; consegue lidar com o insucesso e autorregular-se nesses momentos;
- Tem bons indicadores de maturidade socioemocional, concretizadas, por exemplo, pelas boas relações com os pares, expressão ajustada de emoções, capacidade de resolução de problemas e empatia.
Quando o meu filho deve ingressar no 1.º ano quando apenas tiver completado os 6 anos?
Esta opção pode ser tomada em 2 situações:
1) Mesmo que as crianças apresentem todos os indicadores de maturidade escolar, os pais podem tomar a decisão de permanecer mais um ano no ensino pré-escolar. Esta decisã é tomada por muitos pais, entre outras razões, por considerarem que os filhos podem estar mais um ano num contexto lúdico-pedagógico, menos competitivo, de menor stress. Para além disso, neste ano, poderão amadurecer ainda mais as competências atrás descritas, o que promoverá a adaptação ao 1.º ano e o sucesso na aprendizagem formal.
2) Quando as crianças apresentam défice numa ou em mais áreas acima descritas. Neste caso, é muito importante “usar” o ano adicional de forma a promover/estimular, de forma específica, as áreas em défice, por forma a aumentar a probabilidade de as crianças ingressarem no 1.º ano equipadas com as competências básicas para a aprendizagem dos conteúdos lecionados neste ano escolar e nos subsequentes.